Mulher e morta brutalmente em ritual de magia negra

 

João Maria Guedes Silva, conhecido como João Macumbeiro, suspeito de participação na morte de uma mulher durante ritual de magia negra na zona Norte de Natal, diz que está arrependido do crime e que agora é evangélico. Em entrevista ao G1, ele detalhou como o crime aconteceu e afirmou que foi enganado por Jarbas Gomes, conhecido como Lilico ou Bruxo.

"Ele me disse que depois desse ritual eu ia ter mais força na macumba para fazer trabalhos de umbanda e que eu estaria protegido. Ele disse que a gente jamais seria pego porque 'Lucifer' ia nos proteger com a capa dele e que minha vida ia mudar muito depois do ritual. E mudou mesmo né? Agora eu estou preso, acusado de assassinato", disse João Maria.

João contou que era um "amigo fiel" da família da vítima, a comerciante Edilma Dantas. "Eu conhecia ela e a família dela há muito tempo, eu fazia alguns trabalhos de pintor e consertos para eles, e era muito amigo de Edilma. Ela confiava em mim", disse. "Eu estou muito arrependido", afirmou.

A vítima, segundo João, o procurou para que ele fizesse um "trabalho de amarração" para trazer um homem por quem ela estaria apaixonada. "Esse homem é casado e Edilma estava apaixonada por ele e desesperada porque ele não atendia mais às ligações dela, por isso Edilma queria fazer um trabalho para que ele ficasse com ela", contou João.

João relatou que no dia 1º de abril Edilma foi à casa dele para conversarem sobre esse trabalho. "Quando ela estava lá em casa o 'Lilico' me ligou e eu disse que ela estava comigo. Ele já conhecia a Edilma e já tinha dito que ela podia ser a pessoa certa para o ritual porque era solteira e não tinha filhos, justamente o que ele precisava", afirmou.

Segundo João, a partir dessa ligação o destino de Edilma estava traçado. "O Bruxo foi lá em casa e buscou a gente. Edilma concordou em ir porque eu disse que faríamos o trabalho de amarração lá. Quando chegamos, o Gil estava lá. Eu sabia que Edilma seria morta, eu me arrependo de não ter feito nada para evitar", disse. De acordo com o relato de João Maria, chegando lá, Lilico ofereceu uma bebida para Edilma, ela aceitou, tomou três doses e ficou "desnorteada".

"Ela estava como se estivesse bêbada, não chegou a desmaiar, mas estava sem os sentidos, não estava normal. Ele estirou um pano preto no chão, colocou ela deitada em cima desse pano, e cortou as roupas dela com uma faca. Aí o Gil trouxe o bode que estava no quintal da casa e nesse momento o Lucifer se manifestou no corpo do Bruxo. Ele cortou a cabeça do bode e derramou sangue em cima de Edilma. Ele começou a beber o mesmo líquido que ele deu para Edilma e a fumar cachimbo. Foi quando ele começou a sufocar Edilma e ela começou a debater as pernas e o sbraços. Então, o Bruxo mandou o Gil amarrar os braços e as pernas dela, e continuou sufocando até ela morrer", relatou.

Depois do assassinato, os três começaram a discutir o que fazer com o corpo de Edilma. “Lilico não queria enterrar no quintal dele porque disse que lá ia muita gente. O Gil disse que na casa dele não tinha quintal. Aí levamos o corpo dela para a minha casa, fizemos a cova e enterramos ela lá”, disse João Maria.

Versões
Os três supostos envolvidos no crime admitem que fazem “trabalhos de umbanda”, mas as versões acerca do crime são contraditórias. Gildásio diz que não participou do crime, que não estava no local do homicídio, e que não sabia da ideia de Lilico de fazer um ritual como esse. Já Lilico, diz que quem matou Edilma foi João Maria. “Eu fui na casa dele e Edilma estava lá. Eu fui tomar um banho de ervas para fazer um ritual, mas nada que envolvesse a morte de ninguém, e quando voltei ela já estava amarrada, dentro de um buraco no quintal da casa dele, e ele começou a sufocá-la com um pano. Eu falei pra ele que não concordava com aquilo e fui embora”, disse Jarbas Gomes, o Lilico.

A polícia continua investigando o caso e trabalha com a possibilidade da versão de João Maria ser a verdadeira. “Tudo o que ele disse até agora se confirmou. Ele afirmou que ela estava despida, que as mãos e as pernas estavam amarradas e que o corpo estava enterrado no quintal da casa dele e tudo isso se confirmou”, afirmou o delegado Ben Hur medeiros. Os três foram indiciados por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

O crime
A comerciante foi vista com vida pela última vez quando saiu da casa da mãe dela, no bairro Nordeste, na zona Oeste de Natal, no dia 1º de abril. "Edilma saiu dizendo que iria se encontrar com um conhecido da família", confirmou o delegado Ben-Hur de Medeiros, titular da Delegacia Especializada em Capturas (Decap) do Rio Grande do Norte.

Em 3 de abril, ainda sem notícias, familiares de Edilma procuraram a delegacia, registraram o desaparecimento e o delegado deu início às investigações. "O irmão dela comunicou que a vítima foi levada por um conhecido até uma casa que funcionava como um terreiro. O objetivo era fazer um 'trabalho' para aproximar uma pessoa dela", detalhou o delegado.

Ainda de acordo com Ben-Hur, ao chegar na casa, os suspeitos deram bebida à vítima e a amarraram em seguida. "Então tiraram a roupa de Edilma, mataram um bode e jogaram o sangue do animal por cima do corpo dela. Depois a estrangularam até a morte", afirmou.

O corpo de Edilma foi enterrado no quintal da casa de um dos suspeitos, no loteamento Jardim Progresso, na zona Norte da capital potiguar. Após a informação do desaparecimento, este suspeito, conhecido de Edilma, foi intimado e prestou quatro depoimentos na delegacia. "A partir de alguns detalhes descobrimos a participação dele no ritual em que Edilma foi morta", explicou o delegado.

Um mandado de prisão temporária foi expedido e o suspeito foi detido. Além de confessar o crime, ele apontou a participação de outros dois homens. "O suspeito nos informou que o 'bruxo'  queria uma mulher solteira e sem filhos para realizar o ritual de magia negra. Edilma se encaixava no perfil", acrescentou Ben-Hur. O delegado pediu mais dois mandados de prisão temporária e de busca e apreensão e prendeu os demais suspeitos. Eles negam qualquer participação no ritual e crime.

 

G1